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Tema

“Cada cidade tem seu eco, o qual depende do padrão e da escala de suas ruas e dos estilos e materiais dominantes de sua arquitetura”

(Juhani Pallasmaa)

 

O espaço público de uma cidade não pode ser encarado como um espaço de passagem. Eis uma premissa fundamental para um projeto arquitetônico situado na interface entre o âmbito coletivo e público. Percebe-se, hoje, a banalização de imagens que situam o espaço público como moldura de arquiteturas espetaculares que trazem pouca articulação com vivências urbanas contemporâneas. Imagens estas que elitizam uma arquitetura, afastam tecidos sociais diferentes, ridicularizam diferenças, demonstram uma preocupante morte do espaço urbano. Esse cenário instala um desafio a um(a) novo(a) arquiteto(a). Pode uma arquitetura ser a costura de espaços públicos da cidade contemporânea? Se há essa possibilidade, como lidar com as partilhas e tensões no espaço público ao se desenhar arquitetura? Como debater com as tensões dos diferentes usos de edificações no âmbito coletivo, privado e público em um projeto arquitetônico que faça parte da complexidade da cidade contemporânea?

 

Dessas indagações, temos a rica possibilidade de trabalhar com o projeto arquitetônico a partir de uma concepção de espaço público. Entender que espaço público é esse e como que ele engendra o projeto de uma edificaçãoo será a grande articulação metodológica que o ateliê de projeto arquitetônico acionará nas ações desenvolvidas ao longo do semestre. Para tanto, iremos adentrar numa compreensão e operacionalização dos aspectos estéticos, éticos, técnicos e legais da produção do objeto arquitetônico, percebendo variáveis complexas à ação projetual, tentando, na medida do possível, articulá-las com um desenho urbano e arquitetônico que traga à tona a potência da experiência de uma cidade viva que precisa ser incorporada em cada ambiente dos edifícios projetados.

 

Somado a estas questões, coloca-se, ainda, a reflexão acerca da noção de diferença. Ao se cogitar a possibilidade de articular a ideia de diferença no espaço arquitetônico e urbano, tiramos o foco da identidade. Rasgamos, desta maneira, com o pensamento identitário, o qual tem como premissa o critério da reunião, e sinalizamos também com uma ruptura com o conceito de identidade, o qual procura o comum sobre a diversidade ou que identifica pessoas e grupos para, em seguida, agrupá-los como diferentes. Assim, se a reunião é o critério da generalidade e da identidade, o acontecimento é o critério da diferença. Então, a diferença é comportar-se em relação a algo que não tem semelhante ou equivalente. A diferença é o que vem primeiro, é o motor da criação, diz respeito àquilo que está em vias de se formar, de uma realidade em potencial.

 

Assim, em vez de um resultado projetual que enalteça uma imagem estéril de arquitetura, a disciplina requisita uma postura projetual que interprete e traduza um desejo de uma cidade que traga para o centro das relações espaciais o ser humano e suas diferenças. Com este movimento nasce um desenho que frutifica uma miscelânea de usos (residenciais, comerciais, de serviços, entre muitos outros) formais e/ou informais que transpareçam uma real contemporaneidade urbana marcada por tensões e partilhas, cessões e tolerâncias, questões tão caras à arquitetura e tão ausentes de desenho em nosso cotidiano profissional.

 

Diante deste cenário, o ateliê de projeto trará a possibilidade de se exercitar o projeto de uma edificação e/ou conjunto de edificações que contemplem vários usos em um recorte espacial de um bairro em Florianópolis. Esta edificação e/ou conjunto de edificações farão parte de um Plano de Intervenção Arquitetônica e Urbana desenvolvido por cada equipe de estudantes para a área recortada para os estudos/projetos da disciplina tentando responder as mais diferentes variáveis que envolvem o ato de projetar, sobretudo na esfera urbana, que em princípio parece exigir de cada intervenção no local sua parcela de contribuição à cidade. Está em jogo um entorno heterogêneo, constituído ao longo do tempo com diferentes linguagens. As possibilidades projetuais são inúmeras, incorporando questões fundamentais da problemática arquitetônica contemporânea, como a integração arquitetônica a contextos naturais e construídos preexistentes; o papel da arquitetura na configuração do espaço urbano, em especial dos espaços públicos de uso coletivo; a plurifuncionalidade arquitetônica e superposição de funções; a complexidade em arquitetura; a natureza do programa de necessidades; legislação de uso e ocupação do solo; normas de proteção ao incêndio; entre outras.

Partilha e tensão no espaço público

o projeto de arquitetura, a diferença e a cidade

P5

Da intervenção no lugar à materialidade do projeto arquitetônico

P6

“Os detalhes são muito mais que elementos secundários; pode-se dizer que são as unidades mínimas de significação na produção arquitetônica de significados”

(Marco Frascari – O detalhe narrativo)

Observando as atividades desenvolvidas em P5, percebe-se que o ateliê de projeto trouxe a possibilidade de se exercitar o projeto de uma edificação e/ou conjunto de edificações que contemplassem vários usos em um recorte espacial de um bairro em Florianópolis. Esta edificação e/ou conjunto de edificações fizeram parte de um Plano de Intervenção Arquitetônica e Urbana desenvolvido por cada equipe de estudantes para a área recortada para os estudos/projetos da disciplina tentando responder as mais diferentes variáveis que envolvem o ato de projetar, sobretudo na esfera urbana, que em princípio parece exigir de cada intervenção no local sua parcela de contribuição à cidade. Esteve em jogo um entorno heterogêneo, constituído ao longo do tempo com diferentes linguagens. As possibilidades projetuais foram inúmeras, incorporando questões fundamentais da problemática arquitetônica contemporânea, como a integração arquitetônica a contextos naturais e construídos preexistentes; o papel da arquitetura na configuração do espaço urbano, em especial dos espaços públicos de uso coletivo; a plurifuncionalidade arquitetônica e superposição de funções; a complexidade em arquitetura; a natureza do programa de necessidades; legislação de uso e ocupação do solo; normas de proteção ao incêndio; entre outras.

 

Então, a apreensão da cidade contemporânea e do recorte em estudo, a concepção de um plano geral de intervenção arquitetônica e urbana para esse recorte em estudo, e a concepção de projetos arquitetônicos específicos dentro deste plano geral movimentaram a disciplina de P5. Na continuidade, na disciplina de P6, os projetos arquitetônicos específicos ganharão corpo por meio de detalhamentos técnicos que expressem a materialidade daquilo que foi pensado e projetado. Temos, assim, no ateliê de P5/P6, uma experiência acadêmica-projetual anual na qual a concepção arquitetônica e o exercício do detalhe na compreensão do espaço construído surgem como uma análise e uma síntese da própria trajetória do(a) aluno(a) em seu curso de graduação num intuito de detectar percursos futuros na (re)invenção de ser-arquiteto(a).

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© 2015 G o n ç a

Prof. Rodrigo Gonçalves

Departamento de Arquitetura e Urbanismo

Universidade Federal de Santa Catarina

Florianópolis SC Brasil

rodrigo.goncalves@ufsc.br

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